Muito tem-se falado sobre a educação bilíngue nos últimos anos. O termo causa bastante dúvidas, e há muitas ideias difundidas acerca da nomenclatura “bilíngue”, que não condizem, necessariamente, com a realidade. Uma vez que essa modalidade vem sendo, cada vez mais, propagada e adotada por colégios e profissionais da educação, é importante esclarecer esta proposta e o que ela se predispõe a alcançar.
A ideia central da educação bilíngue é que a instrução é oferecida nas duas línguas e utilizada para fins acadêmicos, não somente para fins de aprendizagem do idioma. Um dos princípios metodológicos que se utiliza para esse fim chama-se CLIL (Content and Language Integrated Learning, ou Aprendizagem Integrada de Conteúdo e Língua), no qual a língua é usada como um instrumento para ensinar outras matérias, como ciências, matemática, história, geografia, entre outras, e o conteúdo da matéria, por sua vez, torna-se um recurso para o aprendizado de línguas.
No CLIL, o conteúdo está no centro da aula. É o conteúdo da matéria que determinará quais habilidades de pensamento de ordem superior devem ser usadas, quais pontos de consciência cultural precisam ser desenvolvidos e qual aspecto da língua será ensinado. As aulas de CLIL também incentivam o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos e das habilidades de colaboração, ambas obrigatórias no mundo de hoje.
Na prática, isso significa que o aluno não aprenderá somente o tempo verbal do Present Simple, por exemplo, falando frases como “I go to school everyday (vou para a escola todos os dias)”. Ele discutirá o ciclo da água, sobre evaporação, condensação e evaporação, e usará a língua para dizer coisas como “rain falls from the clouds” (a chuva caí das nuvens)”. O Present Simple continua sendo usado, mas agora de uma maneira mais contextualizada e com mais relevância para discussões sobre temas globais, como preservação do planeta e sobre a importância da água para os seres humanos.
Outro pilar importante na educação bilíngue é a frequência e quantidade de horas de exposição à língua que oferecemos ao aluno. De forma geral, a proposta é de aulas diárias, com uma ou até duas horas de duração, para que o aluno tenha contato diário com o idioma trabalhado e seja oferecido a ele um input sistemático e de qualidade, elemento essencial para a aquisição de linguagem. Contrário ao que se tem como verdade, o primeiro sinal de que a língua está sendo aprendida não é capacidade de falar, e sim a de ouvir e compreender a mensagem que o interlocutor está passando. E para que isso aconteça com sucesso, buscamos então criar esse ambiente imersivo para que o aprendiz possa ser exposto a língua de maneira a possibilitar esse processo.
A educação bilíngue ainda promove o desenvolvimento das habilidades sociais, emocionais e interculturais dos alunos, promovendo a empatia e a compreensão com o outro, a resolução de conflitos e a colaboração, o uso autêntico e significativo da linguagem e o desenvolvimento holístico do sujeito. É uma proposta educacional potente, em consonância com o mundo globalizado e com as crescentes demandas, não só do mercado de trabalho, mas com o exercício da cidadania global plena, ética e consciente.
Por Fernanda Oliveira Lages dos Santos, consultora pedagógica do Bernoulli Sistema de Ensino.